terça-feira, 27 de abril de 2010

A VERDADE SOBRE A MENTIRA

Talvez o que mais nos causa sofrimento na vida
Seja a negação
Pois se negligenciarmos a verdade
Tudo tende a se enraizar
Por que as pessoas mesmo as mais mentirosas
Elas sempre nos dizem a verdade
Seja inconsciente
Seja por gestos
Por frases soltas,
Palavras que escapam
Entretanto, nosso ouvido
Que só insiste em ouvir o que quer
Não ouve, ou justifica
O que não gostaríamos de ter ouvido
E isso nos faz adiar tanta coisa
Postergar bobagens

E quando por fim paramos de negar
Que o marido nos traía
Que a namorado não nos amava
Que nosso sócio nos roubava
Que a amiga é falsa
Que estamos doentes
Instala-se certa revolta com quem nos cerca
Ao percebermos que todos sabiam
Pensamos: Ninguém me avisou!
Muitos devem ter avisado
Nós não quisemos ouvir
A própria pessoa nos avisa inúmeras vezes
Porém, preferimos negar
É mais fácil
É mais cômodo
Por que afinal, quem vai querer sofrer?
Mesmo os que dizem que querem sempre a verdade
Em algum momento acabam negando
Ninguém é perfeito!
E os sentimentos camuflam a verdade
Negar é colocar um véu na ferida
Negar é só adiar o sofrimento
Negar é mentir para si mesmo
Porque
Quanto mais negamos
Mais esperanças surgem
Mais expectativas se enraízam
Precisamos na verdade é ouvir o outro
Com ouvidos de criança
Que está ouvindo tudo pela primeira vez
Ouvir a entonação, as pausas, as entrelinhas.
E principalmente os silêncios e sua eloqüência
Sabendo que a negação é apenas um placebo
Ela não cura nada
A verdade dói
Mas nos sara

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O QUE ME PRENDE A VOCÊ


"Quem inventou o amor me explica por favor..."

Porque será que existem pessoas que ao cruzar nosso caminho não queremos sequer voltar a ver. Entretanto outras, suscitam em nós, uma vontade de tê-las perto. Seria o beijo, a pele, o tato, o cheiro, a voz? Seria a aura de mistério que criam, ou por tudo que revelam? Prendemos-nos a alguém pela completude que nos dão ou pela falta do que nos negam? Há diga que nos prendemos a quem mexe com nossas fantasias mais inconfessáveis. Podemos nos sentir presos pelo fato da pessoa representar tudo aquilo que gostaríamos de ser, ou aquilo que mais detestamos em nós, e até mesmo, por esse sujeito estar confortável com o que consideramos tão repudiável? Podemos nos sentir presos por admiração, cumplicidade, confiança, desconfiança, insegurança, segurança? Pode ser por suprir nossas carências, nos realizar sexualmente, nos fazer rir, por odiar o gênio dele, por adorar o jeito que ela se veste. Também pode ser pelo jeito que nos abraça; pelo modo como se encaixa conosco na cama. Por nos transmitir calmaria, ou o oposto deste. O que nos prende não é explicado pela genética, nem e pelos instintos reprodutivos. Se a explicaçãofosse óbvia, todo masoquista estaria preso a um sádico e todo exibicionista a um voyer. No entanto, cada sujeito se prende ao outro pelos motivos mais tolos e mais complexos... Nunca sabemos exatamente porque estamos com quem amamos, é porque o amor trancende as palavras. Porém, um sujeito se prende ao outro porque o outro de alguma maneira o liberta, não importa qual seja a prisão. Seja da resistência, da insegurança, da imaturidade, de algum trauma, das ilusões, de alguma crença equivocada, da tendência a repetir os erros que nos levam afastar quem se interessa por nós. E até mesmo a prisão da liberdade excessiva. E nos liberta no sentido irrestrito da palavra. Pois cada um cria a sua própria prisão. Prendemos-nos a quem nos liberta de nós mesmos, ou simplesmente nos liberta da nossa incompetência para amar.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O PREÇO DA FELICIDADE


Falácias, lendas, escândalos, acusações, todas essas palavras fizeram parte da vida de Michael Jackson. Muitas histórias proferidas sobre ele, reverberaram contra o próprio, no entanto, outras apenas endossaram a imagem mítica, quase irreal, que fora construída ao longo dos anos. Para muitos, Michael era um artista com um talento irretocável e seu virtuosismo sobrepujava quaisquer deslizes. Para outros ele era o eterno Peter Pan, um menino no corpo de um homem, que como toda criança, age na tentativa de moldar o mundo a sua volta e não adequar-se a ele.
Fato é, que confabulações sobre o mito Michael, não cessarão tão cedo e muitas das histórias nunca se saberá a verdade. Porém, além de sua magnífica obra, eu me indago sobre qual foi o grande legado de Michael Jackson? Se percebermos a sua trajetória, o que ele deixou de mais relevante é o fato de ter sido um homem que mesmo atrelado por contradições, foi atrás do que queria ser. Ele peitou o próprio desejo. Sendo fiel as suas convicções até o fim. Mesmo que tenha pagado um alto preço por isso. Foi chamado de racista, de louco, de bizarro, viveu sozinho e pode ter se arrependido de metade das escolhas que fez. Ao narrar assim, parece uma história nostálgica e sem final feliz? Bem, toda história tem dois lados. Michael pode ter sido chamado de racista, louco, bizarro, mas também foi chamado de gênio, inovador, rei do pop, cantor excepcional, artista do século e alcançou um patamar, onde poucos seres humanos chegaram. Pode ter se sentido sozinho muitas vezes, em contrapartida fora amado e idolatrado por gente que ele nem conhecia e nem imaginava.
O preço que Michael pagou por seguir o seu caminho é preço que todos pagamos quando decidimos ser quem somos de fato. Muitos desistem no meio do caminho, preferem ceder ao que a família espera, ou as pressões que se apresentam. No entanto, há os que preferem seguir as próprias escolhas, peitar o próprio desejo, mesmo tendo que arcar com os riscos de arrependimento no final da vida. O legado de Michael é simples, para ser feliz na vida, há sempre um preço. Paga quem tem culhão!

L-I-Q-U-I-D-I-F-I-C-A-D-O-R





“ I told you, i was troluble”



Não se trata de Cazuza e seus “segredos de liquidificador”
E sim, de uma visão subjetiva de como somos.
Acredito piamente que tudo que dizemos, fazemos
Está atrelado, irrevogavelmente as nossas influências
E expressam fragmentos de nossa personalidade
E tudo que absorvemos, fala por nós
E tudo que é absorvido, é processado.
Como se fossemos um big-liquidificador
Que tudo mistura; que tudo transforma.
Que consome, e, é consumido
Somos um aparelho, uma máquina,
Dentro de uma máquina, chamada sistema
Somos barulhentos e insubstituíveis em algumas situações
Mas tão silenciosos e inúteis em outras
E para preparar um Rodrigo-ao-ponto
A receita seria a seguinte:

Adicione um pouco de Caetano, Chico, Picasso, Pizarro,
Dali, Da Vinci, Monet, Manet, Van Gogh, Matisse, Renoir
Billie Holliday, Mariza Monte,
Bethânia, Calcanhotto, Madonna
Muito Michael Jackson
Rubem Fonseca em exagero
Strokes, Stones, Ramones
Shakespeare, Bergman comedidamente
Clash, White Stripes, da mesma forma
Dormir, correr, comer
Vodka, abacaxi, alface, açaí, laranja, rúcula, feijão, feijoada,
Churrasco, bife, lentilha, lazanha, panqueca
Sol, praia, serra, noite, dia, madrugada, calor.
Sereno, sexo, beijos, boca,
Juliana, Bita, Sidnei, Zóio, Rui, Mateus, Nena, Fabi,
Ralação, indecisão, ociosidade e um pouco mais de sexo
Café, Leite, Café com leite, creme de leite, Leite condensado
Mousse, sorvete, chocolate, morango e derivados
Beckett, Brecht, Bette, Brando, Blanchett,
Hepburn, Nicholson, De Niro, kidman, Pitt, Jolie
Sharon, Jimmy, Glenn Close
Desenho animado, Dostoyévsky, Nabokov
Sthendal, Strinberg, Proust, Peerls
Adélia, Ligia, Martha, Márcia, Lispector,
Drumond, Pessoa, Quintana
Tom, Vinicius, Bach, Bethoven
Nietziesche, Aristóteles, Foucault
Freud, Lacan, Neisser,
Capra, Kafka, Kofka, Kubrick
Scorsese, Tarantino, Almodóvar, Allen
Eisntein, Eissentein.
Mondrian, Maslow, Meyerhold
Artaud, Art-nouveau, Novelle Vague
Impressionismo, Expressionismo, fauvismo
Romantismo, presindencialismo, capitalismo,
Rio, Alegrete, Austrália, Gramado,
Nova york, Londres,
Amigos, Psicologia, Psicanálise
Escrever, ler, Grêmio, Gestalt, feriado
RH, OV, TCC, FHC,
Duke, Bonner, Lara, Milly
Eloqüência, persuasão, tirania, vingança
Compreensão, tolerância
Silêncio, internet, persistência
Maturidade e imaturidade
Sexta, sábado, sinceridade
Suco, enlatados, destilados
Preguiça, natação, solidão,
Irritação em doses homeopáticas
Verde, branco, preto, vermelho e azul
Noitadas, bares, exageros, sometimes
Contradição, equívocos, rebeldia, imparcialidade
Jogue tudo no liquidificador e bata bem
E como cobertura, adicione Amy Winehouse.
I told you i was trouble...
E SE VOCÊ FOSSE UMA RECEITA COMO SERIA?
SE QUISER MONTAR SUA PRÓPRIA RECEITA
NOS COMENTÁRIOS, SERÁ BEM-VINDA...

UMA CONFISSÃO...

Num mundo onde não somos vilões ou mocinhos; onde para alguns somos movidos pelas pulsões e para outros somos o fruto apenas das nossas próprias escolhas. Onde há os que acreditam que somos Édipos trágicos, num mundo fatalista, tentando fugir do nosso destino, sem conseguir. Ou simplesmente Hamlets, lânguidos, divididos entre “o ser e o não ser?” A eterna pergunta em aberto, como ferida, que se traduz na metáfora do viver ou morrer. E quando divagamos sobre os psicopatas, sujeitos de persona aparentemente irretocável, que vivem num mundo onde o parecer é melhor do que ser. Fica quase impossível não julgarmos o outro; não apontarmos o dedo quando estes cometem algum deslize, como se não possuísemos a maldade em nós.
Se pensarmos bem, tantas vezes nos tornamos “o homem do ressentimento Nietzchiano”. Também os tornamos vítimas, e vitimizamos o outro para alcançar nossos objetivos. No mundo ao qual vivemos, as coisas não são tão bem definidas e separadas como nos contos de fadas, onde se é a Bruxa ou a Fada, onde ser um, exclui ser o outro. No mundo onde vivemos as coisas se misturam se afastam, se afetam. Vivemos irrevogavelmente no mundo da totalidade. Possuímos o bem e o mal dentro de nós; nos surpreendemos com nossa própria fúria; desconhecemos nossa capacidade de amar. Não nos conhecemos de fato. É porque mergulhar na nossa verdadeira essência é doloroso demais. Dói admitir nossa mesquinhez, suportar nossa mediocridade e mais do que isso. Assumir nosso lado nefasto.
E, por isso, ao depararmos com histórias esboçadas nos jornais de psicopatas, assassinos, histórias de violência explícita, podemos sentir certo prazer. Porque é bom apontar o dedo, mostrar o quão corretos somos. Apontar o dedo para o que o outro fez, apontar o dedo para as Cristianes Richthofens da vida sem enchergar que nós não fizemos o mesmo, entretanto, em algum momento da vida podemos já ter pensado em matar alguém. E o pior é saber que isso é normal, não somos psicopatas por pensar em matar alguém. Poderíamos ser considerados, ao concretizar o pensamento insano. Ver a maldade escancarada, pode aplacar a nossa realidade. É como se ao vermos o outro matar, estamos nos excluindo de ter sentimentos similares. E apontamos o dedo, porque a maldade no outro nos incomoda. E encomoda não porque somos bonzinhos, mas sim, porque é como se estivéssemos nos vendo no espelho, nos faz entrar em contato com a nossa própria maldade. Quem nunca sentiu vontade de matar alguém? Eu já.
“And I’m not sorry. It’s human nature”…